O Cristianismo no Início da Idade Média

 


Quando as tribos germânicas dos Francos, Anglo-Saxões, Lombardos, Vândalos, Godos e Burgúndios invadiram e derrubaram o Império Romano do Ocidente (século 5), pode-se dizer que elas dividiam-se em populações pagãs ou recém convertidas ao cristianismo ariano. Dessa forma, a Igreja Católica e seu episcopado, proveniente da antiga aristocracia política romana, enfrentou o desafio de cristianizar os pagãos e civilizar os bárbaros, os quais não facilmente conseguiam se adequar a moral evangélica exposta pelo Novo Testamento. Portanto, o período de aculturação dos povos germânicos, que se estendeu durante toda a Alta Idade Média, foi culturalmente marcado pelo semi-barbarismo, ou seja, pela dualidade da cultura cristã, conservadora da literatura greco-latina, e do modo de vida germânico, que não cultivava uma produção artística complexa nem o refinamento do estudo especulativo. Pelo contrário, era permeado de conflitos resolvidos pela força bruta.

Por sua vez, do outro lado do mundo da época, o Oriente cristão gozou de mais dois séculos de estabilidade até que subitamente o Império passou a sofrer com os ataques dos árabes islâmicos. Diferentemente dos invasores ocidentais, os inimigos do Oriente Próximo tinham fortes tradições e culturas próprias, blindando-se assim da cristianização. O império muçulmano, e seu expansionismo nos territórios de cultura helênica, soou como um castigo divino pela frequência com que os gregos se prendiam à querelas teológicas, responsáveis pelos cismas das Igrejas da Armênia, Pérsia e África. A força da fé islâmica e dos exércitos árabes impediram de uma vez para sempre que o cristianismo moldasse as civilizações afro-semíticas como o fez com as europeias. Os cristãos desse lado do mundo passaram a viver dominados pelos califas e reduzidos à uma subclasse social a qual era vedada qualquer tipo de expressão cultural externa, limitando-os à discrição de seus ambientes privados.

 

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